Este momento é para nós, seres humanos, o mais difícil. Embora saibamos que não podemos fugir dele, resistimos em aceitar essa única certeza que temos: a qualquer momento poderemos ser alcançado por ela – “a indesejada das gentes”, como diria Manuel Bandeira em um de seus sábios poemas.
Para aqueles que foram alcançados pelo Senhor, esse momento é de gratidão. É também momento de reflexão. A bíblia diz em Eclesiastes 7:2 que é melhor estar na casa onde há luto do que na casa onde há festa. A morte de alguém, próximo a nós, nos faz pensar na eternidade e nos faz refletir se estamos preparados ou não para estar face a face com Deus…
Numa ocasião como esta em que a morte vem, de forma cruel e súbita, pra nos lembrar que não somos eternos e que este é o nosso fim. Dizemos como o salmista: “Preciosa é aos olhos do Senhor a morte dos seus santos”. E viemos aqui para agradecer.
Agradecer ao nosso Deus pelo dom da vida, pelo seu plano perfeito que nos alcançou, dando-nos a vida eterna com Cristo.
Agradecemos a Deus por d. Cacilda que pelo tempo em que esteve conosco registrou a sua marca que continuará enquanto vivermos – a fidelidade ao Senhor.
Como irmã em Cristo, sempre deu, com a sua vida, exemplo de humildade e companheirismo. Não era de muitas palavras, nem gostava de aparecer, mas era transparente em suas ações e atitudes. Sempre amiga e dinâmica nos trabalhos da igreja.
D. Cacilda nasceu no lar de João Cardoso de Alencar e Ubaldina de Alencar, no dia 21 de novembro de 1922. Recebeu uma educação baseada nos princípios bíblicos e por toda a sua vida - até nos momentos em que a lucidez já lhe faltava, esbanjava cordialidade, carinho e meiguice no seu tom de voz manso e suave.
Foi casada por sete anos com Ascindino Rodrigues Pessoa. Ficou viúva, sem filhos. Nesse tempo, uma pessoa muito especial foi convidada para passar uns dias com ela, para que não ficasse sozinha naquele momento difícil. E acabou ficando por 70 anos. Essa pessoa é Tetê, sua companheira fiel, presente em todos os momentos de sua vida. Não dá para falar em d. Cacilda sem mencionar Tetê.
Sua casa era sempre muito frequentada. Os trabalhos manuais das duas eram sempre muito requisitados, e nessas idas a sua casa para casear roupas ou cobrir botões, as pessoas sempre saiam com a semente do evangelho plantada em seus corações porque D. Cacilda e Tetê não perdiam a oportunidade de falar do amor de Deus enquanto faziam o seu trabalho. Eu mesma sou prova disso, quando criança ia à sua casa fazer os mandados de minha mãe que era costureira e ela me ensinou a gostar da SAF. Dava-me revistas da SAF para eu ler, enquanto ela trabalhava, me falava como eu deveria me comportar na igreja e me dizia para nunca deixar os caminhos do Senhor.
D. Cacilda era como seus bordados. Dizem que se conhecem se o bordado é bem feito pelo seu avesso. D. Cacilda tinha beleza exterior e muito mais beleza interior. Via-se isso claramente em seu cotidiano. Foi mulher virtuosa. À igreja do Senhor D. Cacilda doou os seus melhores anos. Participou basicamente de todas as atividades na igreja: foi professora de EBD, tesoureira da igreja por muitos anos, presidente do coral filhos de Sião por várias vezes, presidente da SAF por nove vezes – da qual era sócia emérita, relatora do departamento Sardonio, Agente da SAF em Revista, presidente da Federação de SAFs do Presbitério da Borborema, presidente da Confederação Sinodal de SAFs.
Sua alegria era estar na Casa do Senhor, e a sua despedida não poderia ser diferente. Teria de ser assim: numa manhã de domingo, no horário da EBD. Ocasião em que era aluna assídua, quando não, professora dessa escola onde nós, desde crianças, aprendemos com seu testemunho, com seu zelo, com a sua simplicidade, com a sua sensibilidade em perceber e atender as necessidades dos irmãos - não somente com visita e oração, mas também com doações que preferia fazer sem ser notada -, qual deve o perfil do verdadeiro cristão.
Gostava de cantar o hino “Oh marchemos para aquele bom país/ onde o crente sim/ é Cristo quem o diz/ com o Salvador vivendo ali feliz/ vai com ELE descansar.
Por isso, nesta manhã triste e marcante, agradecemos a Deus pela vida vitoriosa da irmã Cacilda, pelo seu exemplo e testemunho de vida, pela certeza de que ela marchou para os braços do Pai e agora descansa NELE. E a nossa oração é que a boa mão do Senhor conforte e enxugue toda lágrima de seus familiares: seus irmãos, seus sobrinhos e principalmente de Tetê, na esperança de em breve nos encontrarmos novamente para desfrutarmos eternamente da presença inefável de nosso Deus.
Pela SAF,
Josilene Freitas da S. Felinto
Nenhum comentário:
Postar um comentário