sábado, 17 de maio de 2008

3:1 Disse-me o SENHOR: Vai outra vez, ama uma mulher, amada de seu amigo e adúltera, como o SENHOR ama os filhos de Israel, embora eles olhem para outros deuses e amem bolos de passas. 2 Comprei-a, pois, para mim por quinze peças de prata e um ômer e meio de cevada; 3 e lhe disse: tu esperarás por mim muitos dias; não te prostituirás, nem serás de outro homem; assim também eu esperarei por ti. 4 Porque os filhos de Israel ficarão por muitos dias sem rei, sem príncipe, sem sacrifício, sem coluna, sem estola sacerdotal ou ídolos do lar. 5 Depois, tornarão os filhos de Israel, e buscarão ao SENHOR, seu Deus, e a Davi, seu rei; e, nos últimos dias, tremendo, se aproximarão do SENHOR e da sua bondade.


MENSAGEM DO TEXTO
A passagem em apreço é de gênero narrativo e deve ser reconhecida como uma história real a despeito das suas implicações éticas e morais. Uma história foi contada e não uma parábola ou alegoria. Deus se revelou a Oséias e a sua mensagem começaria dentro da sua própria experiência matrimonial. Assim, a narrativa prossegue retratando que Oséias foi obediente. Casou-se com a prostituta Gômer e então teve um filho, o qual deveria chamar de Jezreel, um nome significativo no contexto da dinastia pecaminosa do rei Jéu, que logo chegaria ao seu fim (1.4). Então, a história continua: Gomer teve mais dois filhos, sendo que o pai das crianças não era Oséias (2.4), mas amantes de Gomer. Esses filhos do adultério receberam nomes que expressam o relacionamento rompido entre Oséias e Gomer, entre Yahweh e Israel. O relacionamento rompido entre Yaweh e Israel foi que levou Yaweh a falar a Oséias e por meio dele. Assim, num estilo retórico, a narrativa é interrompida para indicar qual era a verdadeira motivação por trás de toda experiência do casamento. Israel a mãe precisava ser repreendida e envergonhada porque havia abandonado o seu marido Yaweh. Uma vez que a motivação para a experiência de Oséias em um casamento rompido é declarada de maneira retórica, a narrativa continua; Oséias recebe a ordem de comprar Gomer por um preço (3.2) e ela deve ser afastada de futuras praticas adúlteras.
A mensagem do capítulo 3 apresenta o amor de Deus para com o seu povo na ordem dada a Oséias para que ame a mulher adúltera como o Senhor ama a seu povo Israel;: “... Vai outra vez ama uma mulher, amada de seu amigo e adúltera, como o Senhor ama os filhos de Israel, embora eles olhem para outros deuses e amem bolos de passas”. (3.1) Oséias deveria amá-la de modo incondicional até o ponto de regatá-la do seu pecado. Embora o coração de Israel estivesse noutros deuses e os amassem com o seu falso culto, pois a expressão “...bolos de passas”
yveîyvia] indica um tipo de bolo sacrifical usado nos cultos aos falsos deuses em ocasiões especiais, e, o povo amava essa prática. O que está em foco aqui é que o Senhor ama o seu povo a despeito da sua prática infiel de adorar outros deuses, o verbo bh;a/ ((que é traduzido por “amar, gostar, ser amável” indica o amor de Deus por seu povo Israel (Dt 4.37; Is 43.4). Oséias também deveria amar sua esposa, embora seu coração estivesse posto em seus amantes e suas relações imorais. O amor de Deus é confirmado pelo seu nome glorioso (Dt 28.58) presente na ordem dada ao profeta Oséias. Temos aqui o nome pactual de Deus logo no versículo primeiro traduzido em nossa versão por “SENHOR”. Esse nome no hebráico corresponde ao nomel impronunciável de Deus representado pelo tetragrama sagrado YHWH, que indica a reveleção de Deus como aquele que se aproxima do homem de modo pactual e redentivo. Um idéia de aliança está toda presente quando o Senhor se manifesta com esse nome ordenando que ame Oséias sua esposa assim como Deus ama a Israel. Com esse nome Deus se aproximou de Adão após ele ter pecado: “ Quando ouviram a voz do Senhor Deus, que andava no jardim pela viração do dia, esconderam-se da presença do Senhor Deus...” Mathew Henry indica que o Senhor está se aproximando de um modo familiar ou seja era comum essa aproximação embora que nesse dia o Adão haja se escondido por causa do seu pecado. Ele o Senhor se aproxima de nossos pais como Deus pactual, do mesmo modo se aproxima de Israel como Deus do pacto a uma nação infiel se revela como Deus de amor. A figura do casamento sob a doutrina divina é de que o homem é responsável pela presença do amor. Oséias deveria amar de modo incondicional a sua esposa assim como o Senhor a Israel. Michael Horton diz o seguinte sobre o casamento e a relação pactual: Deus se relaciona pactualmente conosco, isto é, ele nos faz promessas incondicionais. O vínculo pactual é tão forte que, “se somos infiéis ele permanece fiel, pois de maneira nenhuma pode negar-se a si mesmo” (II Tm 2.134). “eu serei o seu Deus”, Ele declara, “ e eles serão o meu povo” (Ez. 37.27).
Deus amou o seu povo não por ser merecedor desse amor, pois nem mesmo o pai dessa nação Abrão era digno desse amor pelo que indica Josué (24.2) “ Então Josué disse a todo povo: Assim diz o Senhor, Deus de Israel: Antigamente, vossos pais, Terá, pai de Abraão e de Naor, habitavam dalém do Eufrates e serviam a outros deuses”. Abrão foi tomado do meio dos idólatras, depois foram para o Egito e se adaptaram ao seus deuses. Oséias lembra a Israel de que cantaram quando foram libertos do Egito ( 2.15 e ver Êx 15), mas logo se esqueceram daquele cântico. Quarenta dias depois da cerimônia de aliança de casamento no Sinai, Israel estava adorando um deus egípcio e participando de rituais ofensivos que faziam parte da falsa religião (Ex.32-34) Em Ezequiel a pecaminosidade de Israel antes do casamento é enfatizada (Ez.16.23). Amós diz que eles carregaram consigo os ídolos egípcios para o deserto (5.25-26). No entanto Deus amaria sempre o seu povo nessa relação pactual “ Não vos teve o Senhor afeição, nem vos escolheu por que fósseis mais numerosos do que qualquer povo, pois éreis o menor de todos os povos, mas por que o Senhor vos amava e, para guardar o juramento que fizera aos vossos...saberás que pois Senhor, teu Deus, é Deus, ODEUS FIEL... ( Dt. 7.7-9 selecinado).
A ordem do Senhor para que Oséias comprasse a sua esposa indicada pela palavra h'r<äK.a,w traz a idéia de negociar. A bíblia de Genebra diz que o preço pago por Oséias correspondia mais ou menos ao preço de um escravo (Êx. 21.32). A ordem de comprar traz a mensagem de que A mulher deveria ser afastada do pecado: “ Comprei-a , pois, para mim por quinze peças de prata e um ômer e meio de cevada; e lhe disse: tu não te prostituirás, nem serás de outro homem; assim eu esperarei por ti” (vss. 2,3). A palavra “COMPREI-A” indica o quanto ela estava presa ao pecado. Indica a situação degradante de Israel escravo do pecado. O ato de compra indica também quanto Deus amava a Israel a ponto de libertá-lo da servidão do pecado, indica do mesmo modo que Deus ama mas, esse amor não é leviano tem custo alto, há um preço a ser pago. A bíblia de genebra indica que Cristo por semelhante modo, cumpriu esse quadro de amor em ação, quando ele redimiu os seus santos do mercado de escravos do pecado.
Um ato disciplinar do amor de Deus está presente no v. 4 quando o Senhor diz que privará sua nação das instituições políticas e religiosa de Israel , tanto as legítimas (sacrifícios e estola sacedotal Êx. 28.31) quanto as ilegítimas (colunas sagradas e ídolos do lar Dt. 16.21-22. Zc 10.2). O Senhor tirará tanto o seu culto quanto o falso culto do meio de Israel. Podemos dizer as palavras do Senhor a Isaías “Não posso suportar iniqüidade associada ao ajuntamento solene (Is. 1.13.b). O senhor os levaria para o cativeiro e eles não poderiam nem servir aos deuses cananeus nem ao Senhor. Essa medida visava contudo a restauração espiritual pois o verso seguinte diz: “Depois, tornarão os filhos de Israel, e buscarão ao Senhor, seu Deus, e a Davi, seu rei... (5...). o verbo Wbvu’y"
Shub indica “ voltar-se e retornar”. O verbo tem um uso teológico importante no qal, e é crucial, se dá em passagens que tratam da volta da comunidade da aliança para Deus (no sentido de arrependimento). O verbo aparece nos dois graus num único versículo em Ezequiel 14.6: “voltai-vos” [imperativo qal] e fazei-vos voltar [imperativo hifil] de vossos ídolos”. Temos a responsabilidade humana de se arrepender. Contudo é quem produz esse arrependimento (Atos 11.18). Essa palavra é usada para dar certeza da restauração espiritual, Deus promoveria esse voltar. Eles buscariam a Deus e a Davi, o texto apresenta a restauração em Cristo, nos dias de pentecostes muitos judeus se arrependeram (Atos.2.38-41). As promessas de Deus quanto a Davi se cumpririam em Jesus ( II Samuel 7.12-16, Mt.1.1; Rm. 1.3)

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