quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Manifesto Presbiteriano sobre a Lei da Homofobia

Manifesto Presbiteriano sobre a Lei da Homofobia

Leitura: Salmo

O Salmo 1, juntamente com outras passagens da Bíblia, mostra que a ética da tradição judaico-cristã distingue entre comportamentos aceitáveis e não aceitáveis para o cristão. A nossa cultura está mais e mais permeada pelo relativismo moral e cada vez mais distante de referenciais que mostram o certo e o errado. Todavia, os cristãos se guiam pelos referenciais morais da Bíblia e não pelas mudanças de valores que ocorrem em todas as culturas.

Uma das questões que tem chamado a atenção do povo brasileiro é o projeto de lei em tramitação na Câmara que pretende tornar crime manifestações contrárias à homossexualidade. A Igreja Presbiteriana do Brasil, a Associada Vitalícia do Mackenzie, pronunciou-se recentemente sobre esse assunto. O pronunciamento afirma por um lado o respeito devido a todas as pessoas, independentemente de suas escolhas sexuais; por outro, afirma o direito da livre expressão, garantido pela Constituição, direito esse que será tolhido caso a chamada lei da homofobia seja aprovada.

A Universidade Presbiteriana Mackenzie, sendo de natureza confessional, cristã e reformada, guia-se em sua ética pelos valores presbiterianos. O manifesto presbiteriano sobre a homofobia, reproduzido abaixo, serve de orientação à comunidade acadêmica, quanto ao que pensa a Associada Vitalícia sobre esse assunto:

“Quanto à chamada LEI DA HOMOFOBIA, que parte do princípio que toda manifestação contrária ao homossexualismo é homofóbica, e que caracteriza como crime todas essas manifestações, a Igreja Presbiteriana do Brasil repudia a caracterização da expressão do ensino bíblico sobre o homossexualismo como sendo homofobia, ao mesmo tempo em que repudia qualquer forma de violência contra o ser humano criado à imagem de Deus, o que inclui homossexuais e quaisquer outros cidadãos.

Visto que: (1) a promulgação da nossa Carta Magna em 1988 já previa direitos e garantias individuais para todos os cidadãos brasileiros; (2) as medidas legais que surgiram visando beneficiar homossexuais, como o reconhecimento da sua união estável, a adoção por homossexuais, o direito patrimonial e a previsão de benefícios por parte do INSS foram tomadas buscando resolver casos concretos sem, contudo, observar o interesse público, o bem comum e a legislação pátria vigente; (3) a liberdade religiosa assegura a todo cidadão brasileiro a exposição de sua fé sem a interferência do Estado, sendo a este vedada a interferência nas formas de culto, na subvenção de quaisquer cultos e ainda na própria opção pela inexistência de fé e culto; (4) a liberdade de expressão, como direito individual e coletivo, corrobora com a mãe das liberdades, a liberdade de consciência, mantendo o Estado eqüidistante das manifestações cúlticas em todas as culturas e expressões religiosas do nosso País; (5) as Escrituras Sagradas, sobre as quais a Igreja Presbiteriana do Brasil firma suas crenças e práticas, ensinam que Deus criou a humanidade com uma diferenciação sexual (homem e mulher) e com propósitos heterossexuais específicos que envolvem o casamento, a unidade sexual e a procriação; e que Jesus Cristo ratificou esse entendimento ao dizer, “. . . desde o princípio da criação, Deus os fez homem e mulher” (Marcos 10.6); e que os apóstolos de Cristo entendiam que a prática homossexual era pecaminosa e contrária aos planos originais de Deus (Romanos 1.24-27; 1Coríntios 6:9-11).

A Igreja Presbiteriana do Brasil MANIFESTA-SE contra a aprovação da chamada lei da homofobia, por entender que ensinar e pregar contra a prática do homossexualismo não é homofobia, por entender que uma lei dessa natureza maximiza direitos a um determinado grupo de cidadãos, ao mesmo tempo em que minimiza, atrofia e falece direitos e princípios já determinados principalmente pela Carta Magna e pela Declaração Universal de Direitos Humanos; e por entender que tal lei interfere diretamente na liberdade e na missão das igrejas de todas orientações de falarem, pregarem e ensinarem sobre a conduta e o comportamento ético de todos, inclusive dos homossexuais.

Portanto, a Igreja Presbiteriana do Brasil reafirma seu direito de expressar-se, em público e em privado, sobre todo e qualquer comportamento humano, no cumprimento de sua missão de anunciar o Evangelho, conclamando a todos ao arrependimento e à fé em Jesus Cristo”.

Rev. Dr. Augustus Nicodemus Gomes Lopes
Chanceler da Universidade Presbiteriana Mackenzie



Extraído do site: http://www.eleitosdedeus.org/noticias/leia-na-integra-a-nota-da-universidade-presbiteriana-mackenzie-sobre-a-lei-da-homofobia.html#ixzz15ezQmYXv
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quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Mackenzie divulga nota contra Lei da Homofobia; OAB fala em "postura da Idade Média"



A Universidade Presbiteriana Mackenzie divulgou em seu site, na última semana, uma nota em que se dizia contra a Lei da Homofobia. De acordo com o comunicado, assinado pelo chanceler [reitor] Augustus Nicodemus Lopes, “ensinar e pregar contra a prática do homossexualismo (sic) não é homofobia, por entender que uma lei dessa natureza maximiza direitos a um determinado grupo de cidadãos.” A lei torna crime manifestações contrárias aos homossexuais.

Segundo o Mackenzie, “as Escrituras Sagradas, sobre as quais a Igreja Presbiteriana do Brasil [controladora da instituição] firma suas crenças e práticas, ensinam que Deus criou a humanidade com uma diferenciação sexual (homem e mulher) e com propósitos heterossexuais específicos que envolvem o casamento, a unidade sexual e a procriação”.

O texto foi retirado do ar durante o feriado da Proclamação da República. A assessoria de imprensa do Mackenzie não disse o motivo pelo qual ele não está mais disponível no site.

Nota oficial do Mackenzie
"O pronunciamento sobre o PL 122 é da Igreja Presbiteriana do Brasil, Associada Vitalícia do Mackenzie, feito em 2007, e se encontra em seu site. O Mackenzie se posiciona contra qualquer tipo de violência e descriminação (sic) feitas ao ser humano, como também se posiciona contra qualquer tentativa de se tolher a liberdade de consciência e de expressão garantidas pela Constituição."
Nesta terça (16), a assessoria de imprensa da instituição enviou ao UOL Educação outra nota em que afirma que “o pronunciamento sobre o PL 122 [Lei da Homofobia] é da Igreja Presbiteriana do Brasil, Associada Vitalícia do Mackenzie, feito em 2007, e se encontra em seu site.” No entanto, no comunicado emitido no site do Mackenzie na última semana, o chanceler afirma que “o manifesto presbiteriano sobre a homofobia (...) serve de orientação à comunidade acadêmica.”

Indignação
A nota indignou grupos de defesa de direitos dos homossexuais e especialistas na área. Para o presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Jayme Asfora, a postura do Mackenzie “lembra tempos da Idade Média”. “[A universidade está] Formando seus alunos na base do preconceito, da discrminação, indo de encontro à Constituição Federal. Ela prega, como um dos seus maiores princípios, a isonomia, a igualdade. Todos são iguais perante a lei”, afirma.

Para o presidente do GGB (Grupo Gay da Bahia), Marcelo Cerqueira, essa é uma postura “esperada” do Mackenzie. “É uma questão de consciência. O que move essa questão do Mackenzie é uma posição reacionária”, afirma. No comunicado, a universidade utiliza o termo “homossexualismo”, que deixou de ser usado por se referir à homossexualidade como doença.

O Mackenzie, na nota enviada ao UOL, diz também que “se posiciona contra qualquer tipo de violência e descriminação (sic) feitas ao ser humano, como também se posiciona contra qualquer tentativa de se tolher a liberdade de consciência e de expressão garantidas pela Constituição”.

O UOL Educação pediu uma entrevista com o chanceler Augustus Nicodemus Lopes, mas o Mackenzie disse que iria se pronunciar por meio de nota.

Criacionismo

O Mackenzie, em 2008, assumiu oficialmente, nas aulas de ciências, a posição criacionista –que defende que foi Deus quem criou o universo. A direção da instituição, na época, afirmou que não negava os avanços da biologia vindos do darwinismo, mas que precisava também, mostrar que existe outra explicação, de fundo religioso, para a origem das espécies.

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Fonte:
UOL Educação



sábado, 13 de novembro de 2010

Missão Portas Abertas


A Organização da Conferência Islâmica, que compreende 57 países, sendo a maioria de população muçulmana, apresentará mais uma vez a Resolução da Difamação da Religião na Assembleia Geral das Nações Unidas, no final deste ano.

Essa resolução:
- dá ao governo o poder para determinar quais visões religiosas podem ou não podem se expressar nesses países;
- dá ao Estado o direito de punir aqueles que expressam posições religiosas “inaceitáveis”, de acordo com o que eles acreditam;
- torna a perseguição legal;
- visa criminalizar palavras e ações consideradas contra uma religião em particular, nesse caso, o Islã.
- tem o poder de estabelecer legitimidade internacional para leis nacionais que punem a blasfêmia ou, por outro lado, proíbem críticas à religião.

Muitos países apoiaram essa resolução no passado, mas alguns agora estão mudando de ideia. Este ano, existe uma possibilidade real de que ela seja derrotada. E você pode ajudar. Está na hora de mudarmos isso.

Participe da petição global realizada pela Portas Abertas Internacional e una-se a milhares de cristãos ao redor do mundo. O abaixo-assinado será entregue às Nações Unidas em dezembro deste ano.

» Como posso ajudar?

Divulgue a campanha para outras pessoas, em sua igreja, escola, faculdade, trabalho, utilizando os recursos disponibilizados em nosso site. Faça o download de alguns recursos como vídeos, apresentação em powerpoint e arquivos para marca-página e adesivo. Além disso, você pode imprimir o abaixo-assinado quantas vezes quiser e distribuir para muitas pessoas.

Preencha seus dados no formulário, que funciona como um abaixo-assinado eletrônico e ajude a mudar a história da liberdade religiosa em muitos países.

domingo, 7 de novembro de 2010

Louis Pasteur: “É em nome da ciência que proclamo a Jesus Cristo como Filho de Deus”.

Louis Pasteur, notável médico e cientista francês, reconheceu justamente através da ciência que a Bíblia tem razão. Ele escreveu: “É em nome da ciência que proclamo a Jesus Cristo como Filho de Deus. Minha concepção de ciência, que valoriza muito a relação entre causa e efeito, simplesmente me obriga a reconhecê-lO. Minha necessidade de adorar encontra em Jesus sua mais plena satisfação” (Nimm dir einen Augenblick Zeit, H. Bruns).

Louis Pasteur: “É em nome da ciência que proclamo a Jesus Cristo como Filho de Deus”.


A ciência, corretamente aplicada, pode servir a Deus. Mas quando é usada contra Deus ela prejudica os seres humanos. Pois é a Bíblia que produz o verdadeiro conhecimento. Há milênios as profecias bíblicas cumprem-se com exatidão única. Por exemplo, a criação de um novo Estado de Israel foi cumprimento de profecias bíblicas. Hoje podemos ver e acompanhar a realização das profecias de Jesus sobre o restabelecimento do Estado de Israel, sobre Sua volta e os sinais a ela relacionados. Os alegados “erros científicos” da Bíblia acabam sendo revisados constantemente e passam a ser considerados corretos. Muitos foram, na verdade, antecipações de descobertas que o homem só veio a fazer mais tarde. Foi o que aconteceu, por exemplo, com o reconhecimento de que a terra está suspensa no espaço. A respeito, já lemos no livro de Jó: “Ele estende o norte sobre o vazio e faz pairar a terra sobre o nada” (Jó 26.7). Os resultados das pesquisas arqueológicas e históricas também confirmam continuamente as declarações bíblicas.

Por fim, há ainda o misterioso poder que a Bíblia exerce sobre as pessoas. Quem atende ao que as Sagradas Escrituras ensinam é transformado totalmente, sendo renovado de maneira completa. Lemos na Primeira Epístola de Pedro: “Pois fostes regenerados não de semente corruptível, mas da incorruptível, mediante a Palavra de Deus, a qual vive e é permanente” (1 Pe 1.23). Apenas aqueles que não crêem no que a Bíblia diz em seu texto original, inspirado por Deus, é que lidam de maneira realmente anticientífica com a Palavra do Eterno! (Norbert Lieth - http://www.chamada.com.br)

Publicado anteriormente na revista Chamada da Meia-Noite, agosto de 2001.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Morre no Senhor aos 88 anos a irmã Cacilda Cardoso da IPB de Pombal

Este momento é para nós, seres humanos, o mais difícil. Embora saibamos que não podemos fugir dele, resistimos em aceitar essa única certeza que temos: a qualquer momento poderemos ser alcançado por ela – “a indesejada das gentes”, como diria Manuel Bandeira em um de seus sábios poemas.

Para aqueles que foram alcançados pelo Senhor, esse momento é de gratidão. É também momento de reflexão. A bíblia diz em Eclesiastes 7:2 que é melhor estar na casa onde há luto do que na casa onde há festa. A morte de alguém, próximo a nós, nos faz pensar na eternidade e nos faz refletir se estamos preparados ou não para estar face a face com Deus…

Numa ocasião como esta em que a morte vem, de forma cruel e súbita, pra nos lembrar que não somos eternos e que este é o nosso fim. Dizemos como o salmista: “Preciosa é aos olhos do Senhor a morte dos seus santos”. E viemos aqui para agradecer.

Agradecer ao nosso Deus pelo dom da vida, pelo seu plano perfeito que nos alcançou, dando-nos a vida eterna com Cristo.

Agradecemos a Deus por d. Cacilda que pelo tempo em que esteve conosco registrou a sua marca que continuará enquanto vivermos – a fidelidade ao Senhor.

Como irmã em Cristo, sempre deu, com a sua vida, exemplo de humildade e companheirismo. Não era de muitas palavras, nem gostava de aparecer, mas era transparente em suas ações e atitudes. Sempre amiga e dinâmica nos trabalhos da igreja.

D. Cacilda nasceu no lar de João Cardoso de Alencar e Ubaldina de Alencar, no dia 21 de novembro de 1922. Recebeu uma educação baseada nos princípios bíblicos e por toda a sua vida - até nos momentos em que a lucidez já lhe faltava, esbanjava cordialidade, carinho e meiguice no seu tom de voz manso e suave.

Foi casada por sete anos com Ascindino Rodrigues Pessoa. Ficou viúva, sem filhos. Nesse tempo, uma pessoa muito especial foi convidada para passar uns dias com ela, para que não ficasse sozinha naquele momento difícil. E acabou ficando por 70 anos. Essa pessoa é Tetê, sua companheira fiel, presente em todos os momentos de sua vida. Não dá para falar em d. Cacilda sem mencionar Tetê.

Sua casa era sempre muito frequentada. Os trabalhos manuais das duas eram sempre muito requisitados, e nessas idas a sua casa para casear roupas ou cobrir botões, as pessoas sempre saiam com a semente do evangelho plantada em seus corações porque D. Cacilda e Tetê não perdiam a oportunidade de falar do amor de Deus enquanto faziam o seu trabalho. Eu mesma sou prova disso, quando criança ia à sua casa fazer os mandados de minha mãe que era costureira e ela me ensinou a gostar da SAF. Dava-me revistas da SAF para eu ler, enquanto ela trabalhava, me falava como eu deveria me comportar na igreja e me dizia para nunca deixar os caminhos do Senhor.

D. Cacilda era como seus bordados. Dizem que se conhecem se o bordado é bem feito pelo seu avesso. D. Cacilda tinha beleza exterior e muito mais beleza interior. Via-se isso claramente em seu cotidiano. Foi mulher virtuosa. À igreja do Senhor D. Cacilda doou os seus melhores anos. Participou basicamente de todas as atividades na igreja: foi professora de EBD, tesoureira da igreja por muitos anos, presidente do coral filhos de Sião por várias vezes, presidente da SAF por nove vezes – da qual era sócia emérita, relatora do departamento Sardonio, Agente da SAF em Revista, presidente da Federação de SAFs do Presbitério da Borborema, presidente da Confederação Sinodal de SAFs.

Sua alegria era estar na Casa do Senhor, e a sua despedida não poderia ser diferente. Teria de ser assim: numa manhã de domingo, no horário da EBD. Ocasião em que era aluna assídua, quando não, professora dessa escola onde nós, desde crianças, aprendemos com seu testemunho, com seu zelo, com a sua simplicidade, com a sua sensibilidade em perceber e atender as necessidades dos irmãos - não somente com visita e oração, mas também com doações que preferia fazer sem ser notada -, qual deve o perfil do verdadeiro cristão.

Gostava de cantar o hino “Oh marchemos para aquele bom país/ onde o crente sim/ é Cristo quem o diz/ com o Salvador vivendo ali feliz/ vai com ELE descansar.

Por isso, nesta manhã triste e marcante, agradecemos a Deus pela vida vitoriosa da irmã Cacilda, pelo seu exemplo e testemunho de vida, pela certeza de que ela marchou para os braços do Pai e agora descansa NELE. E a nossa oração é que a boa mão do Senhor conforte e enxugue toda lágrima de seus familiares: seus irmãos, seus sobrinhos e principalmente de Tetê, na esperança de em breve nos encontrarmos novamente para desfrutarmos eternamente da presença inefável de nosso Deus.

Pela SAF,

Josilene Freitas da S. Felinto

terça-feira, 2 de novembro de 2010

A REFORMA PROTESTANTE: HISTÓRIA E RELEVÂNCIA DOS SOLAS - 1ª PARTE


Palestra ministrada na Igreja Presbiteriana Filadélfia (Marabá-PA)

• INTRODUÇÃO
Meus amados e queridos irmãos, no dia 31 do presente mês a Reforma Protestante completará a extraordinária idade de 493 anos. Talvez você possa se perguntar: “O quê que eu tenho a ver com isso?” Pois bem, eu respondo a você que: TUDO! Visto que você só se encontra hoje na Igreja Presbiteriana do Brasil, porque, no passado, Deus usou um homem para dar início a esse empreendimento tão fantástico.

O que é interessante é que a partir do momento em que a Reforma estourou, os adeptos desse movimento passaram a ser conhecidos como “os Protestantes”. Por exemplo, o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, define o termo protestante como, “1. Que protesta; 2. Relativo ao, ou próprio do protestantismo; 3. Diz-se de membros de igrejas[sic] não-católicas”. Como tal, o termo define bem aqueles que tomaram parte no protesto encabeçado por Martinho Lutero. O que nós temos a ver com a Reforma Protestante? Nós somos protestantes.

O lamentável, é que vivemos uma época em que isso tem sido esquecido, ou pelo menos eclipsado por pessoas que estão no seio da igreja evangélica, mas que consideram esse evento como apenas um detalhe que ficou num passado bem distante. Infelizmente, não enxergam na Reforma princípios bíblicos que são imprescindíveis para a nossa saúde espiritual. Existem pessoas que acham que a verdade é uma espécie de elemento mutável, ou seja, ela muda com o passar dos anos e dos séculos. Isso quer dizer que, existem indivíduos desagregadores dentro de nossas igrejas que pensam que o que foi verdade na época em que a Reforma estourou não é verdade hoje. Por conseguinte, não precisa ser investigada hoje, muito menos estabelecida como corpo de verdades de nossa igreja.

Nós somos jovens, e num sentido bem específico, somos o futuro da Igreja Protestante. Aqui se encontram (assim eu espero), futuros líderes da Igreja Protestante de um modo geral, e futuros líderes da Igreja Presbiteriana Filadélfia. Assim sendo, considero como de extrema importância que vocês, meus amados irmãos, tão bombardeados pela nossa sociedade, vocês que são os principais alvos do inimigo na tentativa de minar a vitalidade espiritual de nossa igreja, vocês precisam conhecer o que motivou a Reforma e os seus princípios, para enxergar neles, princípios úteis para a nossa época moribunda e decadente.

ELUCIDAÇÃO HISTÓRICA
A primeira coisa que precisamos compreender é: POR QUE ACONTECEU A REFORMA? O QUE MOTIVOU A REFORMA PROTESTANTE? A resposta a essa pergunta não é fácil. Ela exigiria uma análise histórica que remontasse há muitos anos antes, pelo menos até aos séculos XIV e XV, com os homens que são considerados como os “pré-reformadores”, que são eles: o inglês John Wycliff, que atacou as irregularidades do clero da igreja medieval, as superstições, o purgatório, o celibato clerical, e a autoridade papal. O outro foi o sacerdote e professor da Universidade de Praga, o boêmio John Huss, que atacou a autoridade papal. Ambos foram perseguidos e excomungados pela igreja católica romana. John Huss foi assassinado em uma fogueira, enquanto Wycliff teve os seus ossos exumados e jogados fora.

É interessante, meus amados irmãos, como um único evento na história do Cristianismo recebe interpretações tão diversas como a Reforma Protestante do século XVI. Por exemplo, historiadores protestantes interpretam a Reforma amplamente como um movimento religioso que procurou redescobrir a pureza do cristianismo primitivo como ele é descrito no Novo Testamento. Esta interpretação tende a ignorar os fatores econômicos, políticos e intelectuais que ajudaram a promover a Reforma. Segundo esta interpretação, a Providência divina é o fator primordial e precede todos os outros fatores.

Já os historiadores católicos romanos interpretam a Reforma como uma heresia inspirada por Martinho Lutero por causa de várias razões, entre as quais a vontade de se casar. O protestantismo é visto como um cisma herético que destruiu a unidade teológica e eclesiástica da igreja católica medieval. De acordo com esse ponto de vista católico, Lutero foi um herege, mas esses historiadores geralmente se esquecem de que a igreja medieval já tinha se afastado do ideal do Novo Testamento, ou seja, ela já havia se tornado herege. É certo que, existiram causas econômicas, sociais, políticas, intelectuais e morais envolvidas. No entanto, temos como pressuposto que a Reforma foi um movimento que aconteceu como uma ação de Deus, em trazer a sua Igreja de volta à pureza que ela havia perdido com o passar do tempo. Os reformadores estavam interessados em desenvolver uma teologia que estivesse em completa concordância com o Novo Testamento; eles criam que isto seria possível a partir do instante em que a Bíblia se tornasse a autoridade final da igreja.

Agora, passemos aos eventos que culminaram na Reforma Protestante, propriamente dita.

Martinho Lutero nasceu no ano de 1483. Ele era filho de um latifundiário de minas. A vontade do pai de Lutero era que o seu filho estudasse direito e se tornasse advogado. Entretanto, após sobreviver a uma grande tempestade, Lutero fez uma promessa a Santa Ana que se tornaria monge. Em 1507, ele foi ordenado monge e celebrou sua primeira missa.

Lutero era um homem profundamente angustiado por causa da sua alma. Ele tornou-se um importante professor de teologia na Universidade de Wittenberg. Os seus estudos só fizeram aguçar a sua luta interior. Ele não entendia como Deus poderia se relacionar com pecadores, visto que a justiça de Deus era entendida por ele apenas em sentido punitivo. A idéia da justiça de Deus atormentava Lutero. Foi então que, no ano de 1517, quando estava dando aulas sobre a Epístola de Paulo aos Romanos, mais precisamente quando leu o verso 17 do capítulo 1, que Lutero se convenceu de que somente pela fé em Cristo era possível alguém se tornar justo aos olhos de Deus. Esse princípio, posteriormente, foi desenvolvido e se apresentou como a famosa doutrina da Justificação pela Fé. Além disso, ele passou a entender que apenas a Bíblia, apenas a Escritura era a autoridade única para o crente.

Isso é importante por causa dos acontecimentos posteriores. Em 1517, um monge dominicano, chamado John Tetzel, começou a vender indulgências na cidade de Jüterborg, próximo a Wittenberg. Lutero se revoltou contra a exploração do povo pelo sistema de venda das indulgências, e decidiu fazer um protesto público. Tetzel ensinava que o arrependimento não era necessário para quem comprasse uma indulgência, por si mesma capaz de dar perdão completo de todo pecado.

No dia 31 de outubro de 1517, Lutero afixou suas 95 Teses na porta da Catedral de Wittenberg. Nelas, ele condenava os abusos do sistema das indulgências e desafiava a todos para um debate sobre um assunto. O interessante, meus amados irmãos, é que Lutero confiava que receberia o apoio do papa pelo fato de revelar os males do tráfico das indulgências. Quem lê as 95 Teses pode perceber que Lutero critica apenas a venda das indulgências com a intenção de reformá-lo. Por exemplo, a Tese nº 1, diz o seguinte: “Dizendo nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo: Arrependei-vos..., certamente quer que toda a vida dos seus crentes na terra seja contínuo arrependimento”. A Tese nº 5 também é muito interessante: “O papa não tem o desejo nem o poder de perdoar quaisquer penas, exceto aquelas que ele impôs por sua própria vontade ou segundo a vontade dos cânones”. Inicialmente, não era intenção de Lutero se separar da igreja católica romana. Mas, entre 1518 e 1521, ele foi forçado a admitir que a separação do romanismo era a única alternativa para se chegar a uma reforma que honrasse a Deus e levasse a Igreja para mais perto do ideal do Novo Testamento. Infelizmente, são poucos que conhecem as 95 Teses de Lutero. A grande maioria não conhece nenhuma delas. E como disse certa vez o pastor suíço Karl Barth, “uma igreja que não conhece a sua história é uma igreja alienada”. Na verdade, é como uma pessoa que não conhece os seus verdadeiros pais. Ela não sabe de onde vem, e fica sem referenciais para ir adiante.

Não é meu propósito falar acerca de todos os acontecimentos envolvidos na Reforma Protestante do século XVI. Isso requereria muito mais tempo do que dispomos. Precisaria de muito tempo pra falar sobre toda a contribuição de Lutero na Alemanha, de Calvino na França e na Suíça, de Zuínglio na Suíça, de John Knox, fundador do presbiterianismo, na Escócia. Mas não farei isso. Nesta noite, eu gostaria de iniciar pra vocês, meus amados jovens em Cristo, a exposição de uma parte do legado que a Reforma Protestante nos deixou. Em 493 anos, esses princípios, solidamente embasados na Bíblia, são reconhecidos como verdadeiros tesouros, os quais a Igreja do Senhor deve amar e defender contra qualquer investida do inimigo. Quero iniciar hoje a exposição dos Cinco Solas da Reforma: Sola Scriptura, Sola Fide, Sola Gratia, Solus Christus, e Soli Deo Gloria.
Alan Renê

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