sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Casamento Misto


Recentemente participei de uma importante reunião do Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil. Um dos assuntos que me chamou a atenção foi o casamento misto. Para ser sincero, tem certas coisas que, para mim são tão simples, como dois mais dois são quatro: "não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos" (Rm 6.14). Mas infelizmente as pessoas conseguem complicar as coisas, explicando o mandamento de forma a favorecer um ponto de vista diferente. As motivações para burlar o mandamento são bem diversas:

  1. "Eu sou fruto de casamento misto" - esse é o velho pragmatismo. Pegue uma experiência isolada e o transforme em regra acima da Bíblia. Pronto, o mosquito do pragmatismo lhe contaminou.
  2. "Conheço uma moça que se casou com um incrédulo e o marido se converteu certo tempo depois do casamento" - Lá vem o pragmatismo de novo. Quero ver como fica a situação inversa, que representa franca maioria: "ela era consagrada, mas, depois do casamento misto, abandonou a igreja".
  3. Nossa sociedade é mais aberta do que a dos tempos bíblicos; os tempos mudaram. Essa é clássica dos néo-liberais.
Não é fácil lutar contra o pragmatismo, quando ele se fortalece com algum embasamento da experiência. Algumas pessoas se mostram totalmente cegas à Bíblia quando a experiência aponta para outra direção. Contra essas motivações pragmáticas, argumento em prol do Sola Scriptura. Se a Bíblia é a única regra de fé e prática, assim como defendeu a Reforma Protestante, qualquer que seja a minha experiência, deve ser submetida ao crivo das Escrituras Sagradas. A Bíblia é clara ao condenar o jugo desigual no casamento (Gn 24.1,2; 28.1,6-9; Ed 10.2; Ne 13.23-27; 1Co 7.39; 2Co 6.14). O jugo desigual no casamento somente deveria incluir casos em que o casal era incrédulo e uma das partes foi convertida posteriormente. No entanto, jovens cristãos têm procurado namoro com pessoas de fora da igreja alegando que nela não há alguém disponível, que vê todo mundo como irmão ou apenas como amigo, que o coração falou mais forte. Isso quando não parte para pressupostos completamente absurdos como: "ele(a) não é crente, mas é uma pessoa boa, trabalhadora... Só falta ser crente!" Pronto, agora as obras ganharam papel preponderante para qualificar alguém.
Mas e quando alguém usa a Bíblia para defender o jugo desigual? Aí é que a vaca vai para o brejo mesmo! A Bíblia não se contradiz. Ou ela diz uma coisa ou outra. Jamais ela afirma coisas antagônicas. Certa vez ouvi um pastor defendendo o casamento misto afirmando que Rute era estrangeira e Boaz judeu e que, se não fosse o casamento misto deles, Jesus não viria ao mundo. Essa foi demais! O Dr. Mauro Meister, ao ouvir esta argumentação, não resistiu e afirmou: "esse era o mesmo método de interpretação de Satanás lá em Gênesis 3". O problema desse tipo de argumentação é que ele leva ao pé da letra aquilo que é conveniente. Por exemplo: eles dizem que a Bíblia condenava o casamento entre judeu e estrangeira e param por aí. Tudo bem que Rute era estrangeira, mas o cerne do problema não era sua nacionalidade. O problema era que um estrangeiro também servia a deuses estranhos. No caso de Rute, ela já havia sido convertida, porque, antes de conhecer Boaz e se casar com ele, já dissera a sua sogra Noemi: "onde quer que fores, irei eu; e onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo será o meu povo, o teu Deus será o meu Deus" (Rt 1.16). Note que ela não possuía deuses estranhos, mas havia sido convertida ao Deus de Israel. Rute e Boaz não se casaram em jugo desigual.
Para os que gostam de argumentos confirmados com a prática, o que dizer dos mais numerosos casos em que o rapaz ou a moça se casa com uma pessoa não crente e se afasta de Deus depois? Já vi casos em que o marido disse: "o nosso casamento será a última vez que ela porá os pés na igreja". São poucas as que tomam coragem e preferem servir a Deus em primeiro lugar do que outra coisa. Spurgeon ouviu uma moça explicar que seria bom para ela se casar com um rapaz incrédulo. Então ele e fez sentar-se em sua mesa. Pediu que ela o puxasse para cima. Ela não conseguiu. Sem esforço, ele a puxou para baixo e ela desceu da mesa. Então ele arrematou: "O que é mais fácil? Puxar alguém para cima ou para baixo?" Da mesma forma, sua inclinação pecaminosa não mostraria resistência quando seu futuro marido tentasse levá-la para os seus caminhos. Eu conheço de 6 a 8 casais cujo cônjuge era incrédulo no casamento e foi convertido depois. Interessante é que a maioria desses casais (se não todos) condena o casamento misto. No entanto, conheço mais de vinte pessoas que eram produtivas na igreja e, ao se casarem em jugo desigual, perderam todo o empenho de antes.
Para encerrar esta postagem, transcrevo a Palavra de Deus, dita por Paulo em 2 Coríntios 6.14-7.1: "Não vos prendais a um jugo desigual com os incrédulos; pois que sociedade tem a justiça com a injustiça? ou que comunhão tem a luz com as trevas? Que harmonia há entre Cristo e Belial? ou que parte tem o crente com o incrédulo? E que consenso tem o santuário de Deus com ídolos? Pois nós somos santuário de Deus vivo, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. Pelo que, saí vós do meio deles e separai-vos, diz o Senhor; e não toqueis coisa imunda, e eu vos receberei; e eu serei para vós Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso. Ora, amados, visto que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda a imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santidade no temor de Deus". Olhemos firmemente para as promessas de comunhão plena com Deus. Para quê abrir mão dos caminhos planos e belos dessas promessas em troca de aventuras nos caminhos tortuosos e esburacados da desobediência?
Que o Senhor nos dê cada vez mais coragem de afirmar as verdades da sua Palavra! Amém!

Pr. Charles

3 comentários:

William Costa disse...

Estou surpreso por não ter encontrado nenhum comentário sobre sua exposição quanto ao casamento misto. Destarte peço a Deus que o conserve com vida para manter firme o testemunho da verdadeira fé cristã. Nossos jovens precisam de palavras que solidifiquem suas convicções baseadas na palavra de Deus.

Anônimo disse...

sansão e salomao sao exemplos de que se prender a um jugo desigual a aflição é certa.

elcioecidaregatti@ig.com.br disse...

existem realidades que sao tardias.
por exemplo o inferno.

para alguns, o momento em que se der por convencido que é real, já é tarde, nao tem retorno.

assim é desacreditar no que a Bíblia diz sobre o jugo desigual.

o "crente" entra e ai verá que a advertencia para nao entrar era real.
este momento ja é tarde de mais. nao tem retorno.

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